domingo, 3 de junho de 2012

O primeiro mês passou e algumas preocupações me atormentam

Depois de um mês de trabalho, sala de aula, correria, ônibus e tudo o mais que envolve o dia de um professor, é hora de parar um pouco e pensar o que deu certo, o que não deu e avaliar muita coisa. Reafirmo o sentimento de felicidade e prazer de acordar todos os dias pensando em pegar o ônibus e ir até Guaíba trabalhar. Apesar de sempre voltar para casa muito cansado, não vejo a hora de voltar a sala de aula no próximo dia...
Foi um mês repleto de primeiras vezes: a primeira vez como professor efetivo, a primeira reunião de professores, o primeiro conselho de classe, a primeira viagem de catamarã, o primeiro almoço na prefeitura, a primeira prova aplicada, o primeiro sábado letivo, os primeiros cadernos de alunos levados para casa para corrigir, etc. Em geral todas as experiências vem sendo muito interessantes, mas o que mais me faz pensar é sobre as provas aplicadas aos estudantes. O resultado observado foi bem aquém do que eu esperava. Muitos fatores tem que ser levados em consideração: a minha primeira prova foi aplicada após apenas 3 ou 4 aulas em cada turma, devido ao fim do semestre e a urgência de ter alguma nota para colocar no boletim. Isso porque o antigo professor, apesar de ter passado quase dois meses com eles, não fez avaliação alguma com as turmas. Infelizmente os alunos acabaram "sofrendo o pênalti". O novo professor chegou, cheio de boa vontade, cheio de textos e questões, louco para problematizar tudo e eles ainda estavam extremamente presos ao modelo "copie o livro didático" do antigo professor. É claro que uma prova um pouco mais elaborada ia ser muito complicada para eles.
Apesar de algumas notas bem boas (inclusive uma nota 10), muitos foram mal. E quando eu falo mal, é mal mesmo. Devido aos fatores que eu expliquei acima, resolvi propor provas um pouco diferentes: uma cruzadinha para o 7o ano e um caça-palavras para o 6o. Em geral o 6o ano foi melhor: apenas um terço, em média, das provas tiveram nota abaixo da média. A prova consistia em um caça palavras e um texto sobre o que é História e a pré-História com 15 lacunas para serem preenchidas com as palavras encontradas no caça-palavras. Mesmo tendo muitas notas boas, algumas respostas na prova eram "sem pé nem cabeça"... Ao ponto que eu pensei por muito tempo se eles estavam entendendo o texto e as palavras que estavam utilizando para completar as lacunas ou simplesmente estavam jogando as palavras aleatoriamente nas lacunas. Apareceram diversas palavras inexistentes, palavras femininas em lacunas que era precedidas por artigos masculinos e vice-versa... Enfim, mesmo com as notas boas, ainda fico bem preocupado se houve um bom entendimento da prova e, principalmente, do conteúdo.
Já no 7o ano a realidade foi mais preocupante. A prova era uma cruzadinha sobre o fim do Império Romano, início da Idade Média, Sociedade Medieval e Reino Franco, com 20 questões, todas com dicas aparentemente bem claras. Apesar de umas 4 ou 5 questões um pouco mais complicadas, tinha umas que eram impossíveis de não serem entendidas logo de cara pelo tanto que eu insisti em determinados conceitos nas aulas. Era o que eu pensava. Praticamente todas as provas responderam pouco mais de metade das questões. Em muito poucas eu percebi um esforço de pensar e procurar uma resposta que tivesse relação com os conteúdos trabalhados. Será que querendo facilitar, eu dificultei a prova? Será que as dicas não estavam claras? Ou será que a maior parte dos alunos simplesmente não estava a fim de fazer nada? No fim das contas acho que um pouco de tudo isso.
Agora a dúvida que se apresenta é: como proceder? Como fazer das aulas uma passagem mais tranquila entre aulas mecânicas envolvendo quase sempre copiar os textos do livro e aulas mais problematizantes, que necessitam de maior envolvimento ativo dos alunos? Ou será que é necessário fazer essa passagem tranquila? Talvez não seria melhor provocar mesmo um choque de contrastes nos alunos? Enfim, sei que são questões que não envolvem somente a minha forma de pensar a aula, mas a própria postura e dedicação daqueles que deveriam ser sujeitos ativos de sua própria educação, mas como alguém preocupado com o aprendizado deles não consigo deixar de fazer uma auto-crítica das minhas ações. São algumas preocupações que passam pela minha cabeça constantemente. Talvez seja até meio precoce esse tipo de preocupação afinal faz apenas um mês que estou em sala de aula com eles, mas é inevitável não me envolver com tais questões. Espero em algum próximo texto trazer algum retorno positivo para elas.

Uma boa semana a todos. Outra hora eu volto!

Um comentário:

  1. Cara, eu queria conversar contigo sobre isso, uma hora dessas. Afinal de contas, somos malungos da mesma viagem.

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